sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Tipos de Cerveja

 

São várias as classificações que se podem escolher para diferenciar os diferentes tipos de cervejas. Há quem prefira classificá-las pelo tipo de fermentação, sendo que, deste modo, se formam dois grandes grupos: as Ale (cervejas de alta fermentação ou fermentação no alto) e as Lager (cervejas de baixa fermentação). É claro que dentro de cada um destes grupos há muitos subgrupos, havendo mesmo algumas cervejas que não se encaixam bem quer num, quer noutro grupo.
 
Outros itens que permitem classificar as cervejas podem ser: a sua cor (clara ou escura); o teor alcoólico (sem álcool, de baixo, médio ou alto teor alcoólico); ou ainda o teor do extrato primitivo, sendo que neste caso as podemos dividir em fracas, normais, extras e fortes.
Por ser a mais difundida e por nos parecer a mais correcta, adoptaremos a divisão que habitualmente é feita tendo por base o processo de fermentação. Assim sendo, falaremos das Ale, das Lager e criaremos um terceiro e quarto grupos a que chamaremos de Cervejas Especiais e Cervejas Excêntricas. Estas últimas podem-se enquadrar em qualquer uma das anteriores categorias, mas preferimos separá-las por possuírem características específicas como, por exemplo, um fermento exclusivo ou serem produzidas numa altura específica do ano, entre outras pequenas grandes diferenças. Não abrangendo todos os estilos possíveis, este diagrama dá uma boa ideia da divisão que aqui referimos.
 
Cerveja Tipo Ale

Comecemos pois pelas cervejas do tipo Ale. Como referimos, o que difere basicamente uma cerveja Ale de uma Lager é o processo de fermentação – alta na Ale e baixa, na Lager. No caso das Ale, a fermentação dá-se num ambiente de temperatura relativamente alta, entre 15º a 24º ou mesmo mais, e isto num período de tempo curto, que rondará os três a cinco dias. Na fase de alta fermentação a  levedura sobe à superfície, sendo que o tipo de levedura utilizada é a Saccharomyces cerevisiae. Este processo é o mais antigo, daí que as cervejas do tipo Ale fossem as únicas disponíveis até meados do século XIX, altura em que foi inventada a baixa fermentação.
Este processo de alta fermentação ou fermentação a quente, realça os sabores mais complexos, frutados e lupulados da cerveja. São pois, em geral, cervejas mais encorpadas e vigorosas sendo que, apesar disso, podem variar muito de uma marca para outra, com características que vão desde o doce ao amargo e das claras às escuras.
Pelo que atrás ficou dito, não é de estranhar que dentro das Ale surjam muitas variações das quais podemos destacar: as Barley Wine; as Bitter; as Blonde Ale; as Brown Ale; as Indian Pale Ale; as Mild Ale; as Pale Ale; as Porter; as Scottish Ale e as Strong Ale. Outros tipos existirão mas estes são os mais comuns e os mais consumidos.

Cerveja Tipo Lager
As Lager são o tipo de cerveja mais comum, quer em Portugal, quer no resto do mundo. Tal não que dizer que sejam o melhor estilo: isso depende muito do gosto de cada pessoa e da facilidade com que se tem acesso a outros tipos de cerveja. Analisando o que se passa no nosso país, verificamos que cerca de 75% das cervejas à venda são do estilo Lager e que estas representam, aproximadamente, 90% do total de vendas. De facto, Lager era o termo usado para descrever cervejas de fermentação em baixo, quer alemãs, quer checas, apesar destas últimas serem mais conhecidas por Pilsener. A palavra deriva do alemão lagern que significa algo como armazenar. Este termo referia-se ao hábito que se tinha de armazenar este tipo de cervejas em locais onde a temperatura era muito baixa e isto por longos períodos de tempo, antes de se passar à fase de consumo propriamente dita.
As suas origens remontam à Baviera do século XIX, local onde os mestres cervejeiros tinham por hábito guardar os seus produtos em caves muito frias de modo a lhe darem uma certa maturação. Esses produtos, as Lagerbier, eram o resultado de anos de desenvolvimento de técnicas de refrigeração e de utilização de um fermento especial. A principal diferença desse fermento para o que se utilizava no resto da Europa residia no facto de o seu depósito ficar no fundo após a fermentação, ao contrário das Ale, cujo resíduo subia ao topo.
O desenvolvimento das Lager teve um grande impulso entre os anos de 1820 a 1830, altura em que Gabriel Sedlmayr II the Younger, familiar dos donos da Cervejeira Spaten, viajou pela Europa à procura de técnicas que lhe permitissem desenvolver os seus dotes de cervejeiro. Ao regressar dessa viagem, ele usou os seus novos conhecimentos para criar uma Lager mais consistente e estável. Apesar disso, as Lager desse período ainda eram bem diferentes do produto que conhecemos hoje em dia, muito por causa da água de Munique, que fazia com que as cervejas ficassem escuras e "pesadas". Não restem no entanto dúvidas que os progressos de Sedlmayr foram importantíssimos e tal facto é facilmente perceptível ao verificarmos que a receita que ele desenvolveu se espalhou rapidamente por toda a Europa. Como exemplo, refira-se que o seu amigo Anton Dreher utilizou a nova técnica para melhorar a cerveja Vienense, já que a água da capital austríaca permitia o uso de um malte mais suave, o que dava à cerveja uma característica cor âmbar-vermelha.
 
A nova receita também chegou à Boémia, onde a técnica foi aperfeiçoada. No ano de 1842, na cidade de Plzen, Josef Groll, jovem originário da Baviera, utilizou um malte diferente do habitual que, em combinação com a água muito leve da localidade, deu origem a uma cerveja cor de ouro e muito clara. Esta experiência daria origem à Pilsener ou Pilsner, estilo que rapidamente se espalhou com grande sucesso pela Europa. Actualmente, a Pilsener é uma cerveja clara, com um volume pronunciado de gás, sabor a lúpulo e uma percentagem de álcool que varia entre 3 a 6%. A Pilsner Urquell (Pilsener Original) é o exemplo típico de uma cerveja Pilsener. A maior parte das Lager actuais baseiam-se neste estilo, apesar de terem perdido muito da sua característica acidez.

Cerveja Especiais
Há, nas milhares de marcas que existem no mercado, algumas cervejas que podemos designar por especiais. E se é verdade que todas as cervejas são especiais, também não é mentira dizer-se que há umas mais especiais do que as outras. É dessas que falamos aqui. A maior parte delas não são típicas cervejas do dia-a-dia e muito dificilmente teremos capacidade ou mesmo vontade para beber duas, três ou quatro seguidas, como fazemos com as nossas imperiais. O seu sabor intenso e a forte presença de álcool aconselham a que sejam bebidas com moderação e de modo a podermos usufruir de todas as suas qualidades. São o caso das Abbey Dubbel ou Tripel, das Belgian Strong Ale ou das Imperial Stout. As restantes estão incluídas neste grupo devido ao seu processo de fabrico ser diferente do normal (Ice Beer ou Low-Alcohol) ou por terem ingredientes específicos próprios daquele género (Belgian Witbier ou Berliner Weisse).

Cervejas Excêntricas 

O que acha de cervejas a saber a vinagre ou a framboesa? E que tal cervejas que apenas são produzidas no Natal ou em Outubro, difíceis de encontrar em qualquer outra época do ano? E estilos quase em vias de extinção, apenas com três ou quatro marcas ainda disponíveis? Muitos outros exeplos existiriam para lhe explicarmos o porquê de considerarmos os tipos de cerveja abaixo listados como excêntricas. Não nos alongaremos muito nesta introdução pois a descrição de cada um dos estilos será suficiente para se aperceber das características muito espécificas de cada um deles. O único conselho que lhe deixamos é o de manter o espírito aberto ao experimentar qualquer um destes estilos. Poderá vir a beber cervejas com sabor a cereja, hortelã-pimenta ou até chocolate! 

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